Metrô: linha2

Está lotado de novo.
O ar está acabando
na caixa móvel,
vai irritando
a voz suave responsável
por avisar a saída.
Mas não tem escapatória.
À noite, estarei aqui de volta,
repetindo este flagelo, quase dormente,
sabendo que a porta fecha automaticamente.
No chão,
escrito para tomar cuidado com o vão.
Eu presto atenção
e obedeço.
mesmo desconfiando não ser um aviso de proteção.
É mais um comando de silêncio;
cobrando conformidade neste desconforto.
Mobilidade atravessada por transtorno.
Abaixo os olhos, tentando ver. Ares de louca,
equilibrando o corpo, uns contra os outros, no balanço
que suga as energias e embaraça
quem esbarra, pisa e se atrapalha
começando, às sete da manhã, com um gosto amargo na boca.
Além da cegueira, vou perdendo os outros sentidos.
O gosto não faz mais diferença.
O aperto.
O apito
gritando no meu ouvido.
E os barracos em alto relevo na paisagem.
Tudo amortizado,
mas ainda há
inadaptação.
Descanso a bolsa nos trilhos.
Descalço, o corpo no aviso
de que há perigo na alta tensão.

Deixe um comentário